CITCEM, Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Portugal
RESUMO
Vitorino Magalhães Godinho, nos anos de 1970, lançou as bases do que viriam a ser os estudos sobre emigração, ao longo da história, no livro Estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa e no seu artigo no primeiro número da revista de História Económica e Social. Esta comunicação pretende discutir os valores de saídas apresentados pelo autor em trabalhos que se tornaram clássicos e inúmeras vezes repetidos. Para tal será feita uma análise dos números lançados por Godinho e uma comparação com os dados apresentados por outros investigadores com o intuito de rever a historiografia sobre o assunto e testar a validade dos seus números – que alguns autores consideram demasiado elevados. Interessa a este estudo perceber também quais as fontes utilizadas para este tipo de abordagens, principalmente até ao século XVIII, antes da introdução do passaporte. Para o fazer será utilizado o estudo de caso do Brasil, território que, ao longo da época moderna, foi concentrando os destinos de emigração daqueles que partiam do reino para fora da Europa. Esta metodologia servirá para discutir as vantagens dos estudos dirigidos a espaços específicos para um apuramento mais afinado do número total de migrantes. Será ainda avançada uma proposta de fonte que pode ser usada com este objetivo: os processos inquisitoriais. A riqueza desta documentação é sobejamente conhecida dos historiadores, mas o seu potencial como fonte para o estudo da emigração numa perspetiva macro é ainda pouco divulgado. Através dela poderemos calcular a dimensão da emigração para determinados espaços, com o Nordeste à cabeça, e perceber também motivações para a partida ou a fixação num território em particular. Estes processos servirão ainda para determinar de onde estes migrantes são naturais, com Lisboa a assumir um peso que contraria os resultados expectáveis junto da bibliografia, ainda que o Entre Douro e Minho mantenha a preponderância.